Encontrei esse livro por acaso. Estava de passagem por São Paulo, aproveitei para ver meu irmão que mora lá e pedi que ele me acompanhasse num dos passeios que mais amo fazer nessa cidade: visitar a sessão de livros infantis da Livraria Cultura, na Avenida Paulista. 

No meio de tantos livros “Vizinho, Vizinha”, acabou me chamando a atenção. Gostei da capa logo de cara e adorei a proposta de um livro infantil falar sobre um detalhe desse nosso cotidiano nas cidades. 

Um detalhe meio banal – afinal todo mundo tem vizinho, qual a importância disso? – mas ao mesmo tempo intrigante: quem nunca ficou curioso sobre a vida de quem mora ao lado?

Mal sabia eu que, além de uma narrativa originalíssima e um texto muito divertido, esse livro também me entregaria uma infinidade de outras histórias nas ilustrações.

A narrativa principal é ótima: é sobre vizinhos que nunca falaram mais que “bom dia” ou trivialidades do tempo, mas que têm mundos fantásticos por trás de suas portas fechadas. 

Ouça episódio baseado nesse livro: “E se eu abrisse a porta?”

Quando eles recebem visitas de crianças em suas casas esses mundos se juntam por alguns instantes, mas logo as portas estão fechadas de novo e, lá de dentro, eles ficam imaginando como seria se um dia finalmente atravessassem o corredor.

Mas, são nas ilustrações que o leitor encontrará outras dezenas de possibilidades e novas histórias. Há muitas brincadeiras e sutilezas escondidas nas imagens que são facilmente identificadas por um leitor atento. 

Por exemplo: no início da história aparece um porta-retrato na casa do vizinho com a foto de sua sobrinha, mas a menina só vai aparecer no meio da narrativa. 

O corredor entre as duas portas também tem sua própria história e quem observar bem perceberá que até um tapete de entrada pode ter uma narrativa. 

Uma das imagens que mais amo nessa obra é a que mostra a estante da vizinha com monstrinhos e fadas em meio aos livros. 

Nós adultos costumamos olhar pouco para as ilustrações dos livros, mas a verdade é que consumir literatura infantil lendo apenas o texto é um desperdício de imaginação! Acredite: as imagens podem nos contar novas e surpreendentes histórias.