O isolamento social provocado pela pandemia pegou todo mundo de surpresa. Ninguém estava acostumado a passar tanto tempo em casa, a usar máscaras para sair nas ruas, a conter um abraço ao encontrar um amigo no supermercado.

Mas aconteceu. 

E com todas essas mudanças impostas pela doença, a gente teve que arranjar um jeito de ficar mentalmente saudável, uma forma diferente de demonstrar amor. A gente aprendeu a olhar pra dentro, mas também pro lado e ser mais solidário. 

Um mundo inteiro de aprendizados que, adivinhem só, estão presentes em várias narrativas da literatura infantil. Nesse post eu separei quatro livros que parecem nos ensinar algo para cada fase vivida nessa quarentena. Confira:

Menina Amarrotada
De Aline Abreu, da editora Jujuba

Nessa obra, que é uma verdadeira obra de arte, uma menina sofre uma grande perda e sente como se tivesse sido amarrotada pelo vento e jogada em um mundo novo – e assustador – que não conhecia. Ela lida com o luto na medida em que imagina as possibilidades de um mundo “do lado de lá”.

Não foi assim que a gente se sentiu logo quando a doença chegou, levando tudo o que conhecíamos como seguro? Rotina, saúde, emprego, tranquilidade de simplesmente ir à padaria na esquina. 

Sofremos perdas reais nesse período e nos sentimos amassados. Mas, será que não dá para achar consolo e pensar no que podemos construir depois das perdas?

Ouça o episódio 12: O lado de lá das perdas

A parte que falta encontra o Grande O

De Shel Silverstein, da Companhia das Letrinhas

Essa obra é a continuação do best seller “A Parte que falta” e fala sobre uma parte que vivia em busca da sua “metade”, mas acabou se descobrindo como “inteira” quando foi desafiada a praticar o exercício da solidão.

Definitivamente não fomos feitos para viver em isolamento social constante. Alguns meses e já estamos morrendo de saudade da família, dos amigos, dos abraços e cheirinhos uns dos outros. Que bom que é assim! Mas, enquanto não dá…que tal desfrutar dos aprendizados de ser SÓ você?

Ouça o episódio 7: Antes só e depois acompanhado

Os Invisíveis

De Tino Freitas (texto), Renato Moriconi (ilustração), da editora Casa da Palavra

Essa emocionante história fala sobre um menino que tinha o super-poder de enxergar os invisíveis. Pelas ilustrações percebemos que esses invisíveis são pessoas bem reais e que estão ao nosso lado todos os dias. Mas, por algum motivo, nos tornamos míopes e até cegos e paramos de notá-las.

A pandemia expôs essa nossa cegueira como sociedade e nos obrigou a olhar para a seriedade de problemas como a desigualdade econômica, a violência contra as mulheres e o abuso infantil. E se pudéssemos desenvolver, de uma vez por todas, esse super-poder de enxergar os invisíveis?

Ouça o episódio 8: Olhos que não veem, corações que não sentem

Na Beiradinha

De Agnès de Lestrade (texto), Valéria Docampo (ilustração), editora Aletria

Essa poética história fala sobre um urso azul que vive uma experiência de introspecção e até melancolia. Ele é confrontado com várias “beiras”, como as beiras do tédio, da tristeza, do silêncio. 

Até que é lançado à beira de algo completamente novo e ele se pergunta: “Se eu saltar, para onde irei? E se for ruim? E se não der certo? E se for novo?” A resposta vem numa explosão de cores, convidando à reinvenção. 

Essa história é um quentinho no coração, principalmente agora que estamos à beira do novo e, definitivamente, precisamos hibernar um pouco.

Ouça o episódio 17: Na beira do novo